Cuidado!
Os perigos dos animais soltos em ruas e rodovias
Em cinco meses, a Polícia Rodoviária Federal registrou 79 ocorrências nas BRs
Gabriel Huth -
Motoristas que trafegam diariamente por Pelotas e nas estradas da região têm se deparado com uma cena cada vez mais comum: animais de grande porte, como equinos e bovinos, soltos próximos a ruas, avenidas e rodovias. Em cinco meses, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou 79 ocorrências nas BRs, quatro a mais do que em todo o ano de 2017. Já a Concessionária Ecosul informa que dos 618 acidentes atendidos no período de 1º de janeiro de 2017 a 15 de maio deste ano, 4% foram com animais. Em um dos casos, o motorista de um veículo morreu. A grande ameaça ao trânsito também se constata na zona urbana. Este ano, mais de cem cavalos já foram recolhidos e encaminhados à Hospedaria de Animais de Grande Porte da Secretaria de Serviços Urbanos e Infraestrutura (Ssui). Até o final do mês passado, 16 deles entraram na lista de doação.
A funcionária pública aposentada Solita Rodrigues, 56 anos, já se defrontou com um animal no meio da pista e, se não estivesse atenta, o “pior poderia ter acontecido, mas desviei a tempo”, relata. Sua maior preocupação é com o marido que trabalha como taxista e está sujeito a situações de perigo. O frentista de um posto na avenida Ildefonso Simões Lopes, Zona Norte de Pelotas, Robinson Silveira, 26 anos, confirma a movimentação de animais nos canteiros, mas ressalta a ação da equipe da Ssui na remoção de cavalos, principalmente.
O titular da Secretaria, Jeferson Godinho Dutra, reforça que é proibido deixar animais em via pública. “De janeiro até agora, quase 120 animais foram retirados das ruas.” Deste montante, a maioria dos casos chegou por meio de denúncias pelo telefone (53) 3271-9244, da Hospedaria. O recolhimento é feito de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, horário de funcionamento do Hospital Veterinário da UFPel, caso seja necessário atendimento. A veterinária responsável pela hospedaria, Karina Lemos Goularte D’Ávila, observa que alguns são bem cuidados. “Outros chegam aqui com o corpo debilitado.” A devolução é feita em até 30 dias, diante de pagamento de multa de uma Unidade de Referência Municipal (URM), atualmente em R$ 108,84.
Barreiras
Para checar as denúncias, Dutra conta que um servidor vai de moto até o local. Em alguns locais, informantes prejudicam a ação da equipe ao avisar os proprietários, como, por exemplo, no Laranjal. No dia 13 de maio a reportagem registrou, por volta das 13h30min, na estrada que liga a avenida da praia até o Pontal da Barra, cerca de 20 vacas. Os animais pastavam livremente, atravessando a todo momento a via. Por sorte, a mesma tem pouco fluxo de veículos. Diferentemente do prolongamento da avenida Bento Gonçalves, onde um cavalo atravessou a pista na frente de vários carros. Já esta situação ocorreu numa sexta-feira pela manhã em horário de bastante fluxo de veículos.
A quem pedir ajuda?
Por uma questão de costume, este tipo de denúncia chega primeiro à Patrulha Ambiental (Patram) da Brigada Militar. O coordenador da unidade de Pelotas, capitão André Avelino, explica que à Patram só compete ocorrências de maus-tratos, procedimento que também pode ser feito pela Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA). “Nós vamos até o local, constatamos o crime e, uma vez identificado o proprietário do animal, este é notificado e um boletim de ocorrência é lavrado na Delegacia de Polícia.”
Destino dos animais
-Âmbito municipal
Pela lei municipal 6.144, de agosto de 2014, a Secretaria de Serviços Urbanos está autorizada a doar o animal, caso os donos não apareçam em até 30 dias. Para adotar um cavalo, o interessado deve possuir uma guia de produtor rural - que comprova a propriedade de um local apropriado à criação dos animais - e fazer a inscrição na Hospedaria, que fica na BR-392. Também é necessário assinar o Termo de Adoção, que estabelece condições, como oferecer uma boa qualidade de vida ao animal e não usá-lo para trabalho de tração.
- Âmbito federal
De acordo com o chefe da PRF em Pelotas, inspetor Fabiano Goia, o recolhimento é feito através de acordo de cooperação entre PRF, Universidade Federal de Pelotas e Ecosul. A Faculdade de Veterinária é responsável pelos cuidados dos animais, a concessionária pelo suporte no recolhimento e despesas relacionadas e a PRF por todo o processo legal. A devolução é feita em até 60 dias, sendo que o proprietário sofre sanções administrativas. Quando não é recuperado, o animal é avaliado e levado a leilão, realizado preferencialmente por meio eletrônico. De acordo com o coordenador de comunicação institucional, Johny Calegaro, independentemente da realização de leilões, a Ecosul repassa mensalmente um aporte ao hospital. Ele lembra ainda das campanhas realizadas pela concessionária, como a Viver é o bicho, lançada em 2012 com foco na conscientização dos usuários e lindeiros das rodovias sobre os perigos acarretados pelos animais soltos nas estradas.
Mais números
Recolhimento de animais nas rodovias de abrangência da:
Ano PRF Ecosul
2017 1.495 27
2018 (maio) 695 seis
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário